quarta-feira, 9 de julho de 2025

Vinho (Agostinho)

Quero tomar um vinho contigo
E subestimar a filosofia, aliás vã
Contrariar a ciência, perpetuar o antigo
Confundir o hoje com o amanhã
Questionar as crenças mais arraigadas
Quero perder o juízo
Brincar com fogo, me queimar e dar risadas
Rir contigo das certezas e planejar o imprevisível
Quero que percamos a cabeça
E, por favor, mais uma taça antes que eu me esqueça


terça-feira, 8 de julho de 2025

Noite e dia (Agostinho)

Noite escura, brilha o dia
Noite fria, agonia
Dia quente eu canto, alegria
Noite amarga e pranto e vazia

É escura em demasia
Desatada essa sangria 
Uma valsa e tanto, falsa noite
Mais bebida e pranto, um açoite

É um jardim, dia quente
Uma dama formosa, muita gente
Muito sol, uma flor, muita vida
E chega a noite morta, covardia

Vasculhamos noite adentro
À procura pelo dia
Já é tarde, madrugada
Alvorada, poesia

sábado, 5 de julho de 2025

Em todos os tempos (Agostinho)

Eu te busquei assim em todos os lugares, em todos os tempos
Busquei nas montanhas e nos sete mares e nos sete ventos

Eu te busquei assim na minha ilusão e em todos os meus medos
Fui na minha velhice, corri mil planícies, fui nos meus segredos

Maria dos meus sonhos e que nos meus sonhos era uma pluma
Que se vai com o vento sem deixar um rastro sumindo na bruma

Agora eu te encontrei, porque és minha angústia e és minha mentira
E não posso tocá-la pois teu corpo sempre, sempre se retira

Quem sabe agora encontro
Quem sabe outra Maria
Outra mais leve, bem mais evidente e mais calmaria

quarta-feira, 2 de julho de 2025

Minha namorada

Vai coração
A pé ou de avião
Mas por favor entrega
Esta declaração
Este meu carinho
Este meu perdão
Pois estou tão sozinho
Esta minha carta
Este meu ofício
Mas não conte nada
Como está dificil

Vai coração
Leva a desculpa
Mesmo esfarrapada
Mas não conte nada
Sobre o desespero
Diga só que sinto
Falta do tempero
Da sua comida
Da sua risada
Da sua alegria
Minha namorada