quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Pobre Maria (Agostinho Fortes)

Pobre Maria que perdeu seu rumo
Seus sonhos e seu prumo
Quando enfim perdeu João
Pra uma outra Maria
Que agora dona da alegria
Explode de paixão

A alegria assim corria
De moça em moça escorria
De boca em boca sem parar
João transferia seu amor
E deixava uma dor
Pra outra se lembrar

João é qual um cirurgião
De delicadas mãos
Que com calma e fundo
Toca manso um coração
Arrancando a veia então
Do lugar mais profundo

João é qual um peão
Bravio de brutas mãos
Quando uma alma laça
Num só golpe exorciza,
Liberta e escraviza
Multiplicando a sua raça

João prometeu tantos mundos
Com seu coração sem fundos
E sua lábia de ladrão
Por onde agora anda João?
Pois nem mais no sonho de Maria
A gente vê mais não

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