O tempo passava agônico e se arrastando
O casarão, irônico, me era pequeno e murmurava ruídos
A sala era erma e lúgubre e tudo nela estava faltando
A madrugada estava gélida e muitos raios eram atraídos
O casarão, irônico, me era pequeno e murmurava ruídos
A sala era erma e lúgubre e tudo nela estava faltando
A madrugada estava gélida e muitos raios eram atraídos
A lareira inquieta não se abalava com a minha quietude
O fogo soberano subjugava meu medo com seus estalos, sombras e clarões
Eu via no fogo a brasa da minha já vivida juventude
E vez ou outra voltava a ouvir murmúrios do porão e rangidos dos portões
O vento distraía-me assobiando sonolento e conversando comigo
Agourento, de súbito, entreabriu a janela adentrando curioso e alvoroçado
As cortinas arfavam, também distraindo-me como faria um amigo
E me veio juntar-se ao medo a culpa por não ter do meu amor cuidado
Ouvi uma voz que me perturbou e que por vezes ainda me invade
Mais um vulto, mais um raio, mais murmúrios e até um grito
E o medo de todos os fantasmas do mundo converteu-se em saudade
Talvez o que me assombrava fosse apenas um saudoso espírito
Ouço a tua doce voz cheia de intenções
Amor, onde estás? Andas por nossas terras, Beatriz?
Estou cansado de só tê-la em minhas orações
Eu só quero paz, temo as guerras, nunca mais fui feliz!
No afã de fazer-te feliz, me descuidei
No dia em que um vento gelado gelou teus delicados pulmões
Dançávamos joviais sob a chuva e nada reparei
Já é de manhã, vou dormir
Perdoa-me, amor, pelas decepções
SHOW!
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