segunda-feira, 1 de dezembro de 2014
Quereria (Agostinho Fortes)
Quereria o teu sorriso sorrir
Quereria o teu choro chorar
Quereria o teu sono dormir
E com o teu sonho na cara, acordar
Acontece que sou tão desigual
Por favor não me leves tão a mal
Quereria correr quando corres
Quando paras, ser o teu paradeiro
Quereria morrer quando morres
Quando nua, beijar teu corpo inteiro
Acontece que sou tão diferente
Não me leves a mal tão de repente
Mas se voas, às vezes rastejo
Quando ventas, sou brisa o ano inteiro
Quando és branca nuvem, relampejo
Onde esbanjas, eu conto dinheiro
Acontece que somos tão iguais
E eu sou mais tu além do mais
Quereria amar-te simplesmente
Sem querer o que queres ou não
Quereria ser louco e demente
Adorar o teu sim e o teu não
Acontece que furtivamente
Colocaste os meus pés no chão
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