quarta-feira, 12 de novembro de 2014
Bom velhinho (Agostinho Fortes)
A vida toda
Ele não se entregou a ninguém
Nunca soube do espinho da flor
Só dos frutos do amor
Que no sonho ele tem
Nunca arriscou
Brincar com fogo
Tampouco desrespeitou
As regras do jogo
Não correu o mundo
Seu mundo parou
Nem mergulhou fundo
Só respirou
A vida toda
Ele não se rendeu a ninguém
Nunca soube do punhal no peito
Só do amor perfeito
Que no sonho ele tem
Sempre guardou
O seu coração
Por medo, vergonha
Ou precaução
Por nenhuma dama
Ele adoeceu
Se ficou de cama
Foi que o time perdeu
Ao fim da vida
Lamenta que pouco se deu
No derradeiro olhar, mira a flor
Para cravar o espinho
Mas já não sente a dor
O velho foi sozinho
Sem carinho e flor
Sem punhal, sem espinho
Sem fogo, sem amor
Lá vai o bom velhinho
Sem carinho e flor
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