sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Mangue (Agostinho Fortes)


Sangue, tanto sangue
Como a lama do mangue
Me toquei e era sangue
Tive medo de ver
O caranguejo do mangue

Assustei, pensei que fosse um corte
O prelúdio da morte
Mas era algo mais forte
Era arte
Um véu escarlate
Cobrindo-me a parte
Desfiando até o chão
Era eu com medo de mim
Era eu em erupção

Era eu que nascia
Em forma de amor
E agora podia acolher
O milagre da vida
Em meu interior
Depois daquele dia
Todo mês mancharia
Já me chamo mulher
Qualquer dia dou cria

Nenhum comentário:

Postar um comentário