sábado, 1 de novembro de 2014

Fiz a sua mala (Agostinho Fortes)


Como era de costume, fiz a sua mala
Não repare no volume, não repare em nada
Fiz caber no velho couro o seu grande reinado
Acredite, dessa vez está tudo acabado

Carregue as suas costas frias e lanhadas
Pelas mãos das meretrizes que não valem nada
Leve seus beijos frouxos e de caridade
Meus dias infelizes, sua crueldade

Mas deixe o que restou da minha vaidade
Que de tanto maltratada esvaiu-se em lágrimas
Darei para o primeiro que me der vontade
Pro segundo, pro terceiro, pra toda cidade

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